
Acordo entre EUA e China. E o Brasil, como fica?
Por CBC Agronegócios
15 de Junho de 2020
De um lado um país conhecido por ser ousado em suas transações comerciais e extremamente protecionista. Do outro, um vasto mercado, cobiçado por todo o mundo em função do número de potenciais consumidores ali existentes. E o Brasil, como fica?
Acordo entre EUA e China
Manchete de todos os noticiários, em especial aqueles ligados ao agronegócio, o acordo entre esses dois gigantes causou certa apreensão aos agricultores brasileiros entre o final de 2019 e início de 2020.
Um dos fatores que motivou tal receio foi o compromisso da China de importar cerca de US$ 200 bilhões dos Estados Unidos em dois anos. Em contrapartida, o país norte-americano reduziria em 50% o valor das tarifas que foram impostas aos produtos chineses nos últimos tempos devido à guerra comercial que ambos vinham travando.
O contrato prevê várias fases, sendo que só na primeira, a China teria de comprar até 2021 US$ 32 bilhões de produtos do agronegócio.
Dentre os produtos e serviços que compunham o acordo bilateral, podemos citar, a título de exemplificação:
- Energia, etanol;
- Soja, algodão, frutas, grãos em geral;
- Carne bovina e suína, assim como de aves, ovinos e caprinos;
- Leite, queijo, manteiga,
- Subprodutos da pecuária (miúdos, embutidos e gorduras)
Sim. Temos um grande concorrente mundial.
E o Brasil, como fica?
Obviamente a expectativa dos produtores manteve uma conotação negativa em relação ao acordo comercial entre os dois países, uma vez que a China é tida como um dos principais alvos das exportações do agronegócio brasileiro.
No entanto, devido à pandemia da Covid-19 e suas repercussões que não se limitaram à esfera da saúde, o acordo firmado começa sofrer certos abalos, gerando, inclusive, modificação no valor das tarifas de importação de ambos países.
Mesmo continuando a comprar dos Estados Unidos, com o intuito de honrar o acordo, a China permaneceu importando soja brasileira, por exemplo, o que se traduziu em um aumento expressivo de 27,4% apenas em maio desse ano.
Dessa forma é nítido o fato de que, independentemente de acordos internacionais que possam surgir aqui e ali, o agronegócio brasileiro continua suprindo as demandas no cenário mundial, demonstrando, mais uma vez, a força que possui.
Cautela e Caldo de Galinha
Diz o ditado que “cautela e caldo de galinha nunca fizeram mal a ninguém”. Sendo assim, diante de um mundo em constante transformação e incertezas, o agricultor brasileiro deve ficar atento e continuar buscando seu espaço, seja no gigante asiático, nas Américas, na União Europeia ou mesmo fora dela, como o mundo árabe, por exemplo. Para isso, é imprescindível manter-se competitivo com:
- Boa administração de recursos;
- Otimização de sua produção;
- Gestão eficiente da propriedade;
- A busca de novas formas de comercialização de produtos e serviços;
- Melhoria do escoamento da produção, o que deve ser requerido junto ao Poder Público;
- Estabelecimento de parcerias construtivas e duradouras
Na ânsia de exportar sua produção, não se deve esquecer, ainda, de que é fundamental levar a sério as condições estipuladas, analisando a viabilidade ou não de se fechar o negócio, principalmente no que diz respeito às medidas protecionistas adotadas por diversos países.
Não sendo viável, há de se considerar o próprio mercado nacional (muitas vezes esquecido) que possui demandas também interessantes, em especial em momentos nos quais o internacional não seja tão atrativo.
Assim, com um trabalho sólido, o agro brasileiro continuará a ser um negócio promissor, igualmente digno dos melhores acordos comerciais ao redor de todo o mundo.